quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O Blog entrevista: José Camarano.










Como você entrou no mundo da moda, porque na área de Styling e não estilismo?Quais as características dessa profissão, digo, os dons que logo de cara fez você seguir essa direção?

Eu sempre tive um envolvimento muito latente com moda desde criança… Meu pai era dono de uma camisaria nos anos 80, portanto cresci no meio de modelistas e costureiras… Além de sempre criar minhas próprias roupas, comecei sendo o responsavel pelas escolhas das roupas de toda a família, para festas e etc… Minha mãe e irmãs me ligam até hoje perguntando o que usar. Então foi um caminho meio que natural cair no styling. Sou mais de escolher e misturar as peças do que desenhar… Eu brinco dizendo que não trabalho com moda, mas com tendências em geral… Meu radar funciona muito bem com "new trends" e não tem lugar mais tendencioso que a moda né? O dom necessário para ser stylist é gostar de ( e saber) mixar as peças, ao invés de criá-las separadamente. É a arte da mistura.
Halloween Auslander 2012

Conhecendo um pouquinho sobre você já dá pra perceber que está sempre relacionado com festas super fervidas. Explica pra gente esse seu lado, a brincadeira entre estilo e entretenimento.


Ahhh, isso é bem óbvio pra quem já me conhece de perto. Eu sou e sempre fui muito festeiro, gosto de ferver com os amigos, dar festas, convidar, receber e também frequentar… Tudo começou com as festinhas no meu apartamento, e foram crescendo tanto que eu tive que parar de receber em casa e começar a convidar para lugares maiores.
A primeira festa mais profissa que rolou foi a Dressparty, que fiz com uns amigos ha 5 anos atrás… Todos os convidados tinham que usar vestido (homens e mulheres), a lista era super pequena, o endereço só era revelado uma hora antes do evento e rolaram apenas tres edições… A partir daí rolou um convite pra fazer uma festa no extinto clube 69 em Ipanema e aí nasceu a I Pop, festa onde os DJs eram celebridades da moda, como estilistas, stylists, maquiadores e modelos. Daí começou a dobradinha moda x noite… A coisa cresceu e hoje convido e toco em vários eventos de marcas com a Auslander, Nike, Ellus 2nd Floor, Triton e Levis…
De tanta festa, hoje me obrigo a trabalhar também meu lado introspectivo, pra contrabalancear todo esse agito. Reservo minhas segundas-feiras só pra mim. Fico sozinho, leio, medito, estudo… Uso esse tempo pra me re-energizar e poder voltar pro movimento novamente. Nada como esse equilíbrio.






Já tive o prazer de lhe ver nas cabines e a pista ferveu. Como apareceu esse lado Dj?


Meu primeiro trabalho na vida, na verdade, foi como de DJ e produtor… Acho que muita gente nem imagina isso. Com 16 anos eu já tocava e fazia festinhas na minha cidade natal Ubá e em Juiz de Fora, MG. Sempre fui agitador… Quando me mudei pro Rio pra estudar, aos 18, trouxe minha case embaixo do braço e bati de porta em porta tentando alguma gig por aqui… Cheguei a tocar em alguns clubes como o Jumping Jack, na Mena Barreto, no auge do Baixo Botafogo, mas meu som era muito estranho e alternativo na época… Eu gostava de coisas mais experimentais. Hoje estou num momento mais pop e comercial e curto sim, tocar hits… Na verdade na verdade, eu não me considero um DJ profissional, eu toco musicas que eu gosto pra pessoas gostam de ouvi-las. 

Eu não mixo por exemplo… Já cheguei até a tocar sob o codinome The Fake DJ…






Fala pra gente!! Um trabalho que amou e um que ainda sonha fazer!!


O momento profissional mais importante da minha vida foi a criação e o nascimento do Gema TV (www.gemagema.tv). Foi um momento de explosão criativa, onde não tinhamos nada a perder, fazíamos apenas o que acreditavamos e experimentavamos muitas coisas novas em linguagem de moda. E o melhor, entre amigos... Não pensavamos em business, queriamos nos divertir, mas mesmo assim dalí nasceu muita coisa legal e apareceram muitas oportuniades...
Outro trabalho que me marcou bastante foi estar na equipe do editorial da Madonna para a revista W quando ela esteve no Brasil, ha 4 anos atrás… Foi um prazer aprender com toda a equipe dela e estar ao lado de ídolos como ela própria, a stylist Ariane Philips e o fotógrafo Steven Klein. Um dos sonhos que ainda pretendo tirar do papel (ou o contrário) é ter uma revista impressa… A internet está banalizando muito as coisas, é preciso um retorno ao básico, às coisas simples, à edição do que realmente interessa… Estou completamente voltado para as revistas de papel, novamente. Mas com certesa será algo totalmente diferente do que se vê por aí… A vontade é experimentar mais.




 Camarano e Narcisa Tamborindeguy.


Sempre por dentro dos eventos e desfiles da marca, queremos saber do seu envolvimento com a Auslander. Dá pra notar um carinho especial, estamos errados?

A Auslander é uma marca com a qual eu me identifico muito e estou com eles desde o início, portanto vejo muito de mim alí, por isso o carinho especial. É um espaço onde posso emplacar minhas idéias mais ousadas sem ser criticado ou embarrerado. Além de amigos, eu, o Cadinho, o Felipe Simão (donos da marca), mais toda a equipe de estilo trabalhamos juntos em harmonia, num crescente só. Não tem tempo ruim. Eu participo desde a criação do tema da coleção até produto em si, no styling dos desfiles e claro nas festas. É uma dobradinha que tem dado certo, pois somos muito parceiros. Acreditamos uns nos outros. Além da marca ter esse perfil jovem muito latente, que está sempre muito presente em todos os meus trabalhos.





Como o Camarano ver a moda masculina? Como definiria seu estilo?

Sou apaixonado por moda masculina. Até prefiro fazer masculino que feminino… Mas a moda masculina é muito inferiorizada né? Não se tem tantas opções de peças no guarda-roupa dos homens como no das mulheres… Nem tanta atenção da mídia… O que é diferente ainda é visto com muito preconceito pelo grande público. Mas as coisas tem mudado de um tempo pra cá, o que é otimo para nós meninos.
Não gosto muito de definir o meu estilo, curto mudar com tempo e sentir os momentos… Hoje estou mais "clean" por exemplo… Mais clássico (com um toque de esportivo). Me limpando de tanta informação que a gente recebe… Se não prestarmos atenção, acabamos virando um poço de referências, e no fundo sem conteúdo algum. Estou numa fase de limpeza, sem muitas cores e mais focado no design das peças… Estou curtindo peças lisas e minimalistas, sem estampas e com bom corte e acabamento. Não curto usar a modinha coqueluche do momento. Inclusive fujo delas…





Bate Bola:


Melhor lugar para compras: Opening Ceremony em NYC, Dover Steet Market em Londres, brechós de SF, Wut Berlin em Tokyo e "Sala de Estar" no Rio.

Produto indispensável: Perfume
Inspiração: a vida, real ou irreal.
Uma música: Heart of Glass - Blondie
Um livro: Just Kids - Patti Smith
Ícone da moda: Rei Kawakubo
Ícone da música: David Bowie
Séries: Homeland, Shameless, Game of Thrones, Braking Bad e American Horror Story.


Marcas preferidas: Auslander, Amapô, Alexander Wang, Oak, Acne e Come des Garçons
Melhor look: Classico, minimalista.


O que não falta no seu closet: Camisetas lisas
Uma viagem: Ilha Grande (ou qualquer paraíso natural) à 2…
Algo inesquecível: me jogar sozinho na noite de Tokyo
Chique: Não ostentar.
Cafona: Falta de educação.


Sonho de consumo: Uma casa bem grande no campo ou na praia, pra receber todos os amigos.
Uma descoberta: a boa alimentação, meditação e esportes.
Uma frase: "As pessoas tem medo das mudanças. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem" Chico Buarque
Não vive sem.... música, meus cachorro, meus amigos e minha família.






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