Bom, criei esse blog para mostrar um pouco do meu mundo. Tudo que faço,uso, leio, gosto e acho interessante repassar para vocês. Acordei hoje bem cedo e li esse artigo escrito por Costanza Pascolato. Todos sabem da força que esse nome tem para a moda brasileira, mas depois de ler esse texto muito bem escrito por sinal você vai entender o por quê de tamanha admiração!
Por VOGUE BRASIL
Nem é preciso ser adivinha para apostar que, depois de uma temporada carregada de cores vibrantes, o preto voltaria com força total. Ao longo dos tempos, essa sofisticada “não cor” transformou-se na cor do design e da modernidade. E agora o preto reaparece injetando na nova estação sobriedade, refinamento, elegância e funcionalidade – paradoxalmente é também jovial e luminoso, uma cor chique, pura, segura.
Sempre gostei da roupa preta com qualidade, que me faz sentir segura, parecendo mais magra(!). Além de sofisticado, o preto também permite repetir a roupa sem muito estresse. A ideia fashionista mais esperta do momento é apostar em acessórios e peças fundamentais da estação em total black para personalizar o look, associando-os às imperdíveis e preferidas que você já possui.
Cor do luxo e do chique absoluto, o preto também é rebelde. Descubro que, nesse tom, foram transgressoras e sombrias as roupas dos piratas do século 17, dos anarquistas do século 20 e, coisa que já sabemos, dos hell angels, punks e góticos mais recentemente. Sem concessões, a cor fez história com Chanel em 1926, quando a estilista lançou o LBD, seu famoso “pretinho básico”, que a imprensa da época batizou de “o Ford T da moda”, fazendo um paralelo com o primeiro automóvel fabricado em série, lançado só em negro. Nos anos 70, a cor conquistou um novo registro, mais acessível e igualitário, com o advento do prêt-à-porter. A reviravolta mais provocadora pós-Chanel, entretanto, foi de autoria de Yves Saint Laurent. Com seu smoking preto – tão bem explorado fotograficamente por Helmut Newton –, ele se apropriou de um símbolo do guarda-roupa masculino e subverteu sua função, transformando-o em traje de sedução feminina. Foi o ápice do momento unissex da moda, até hoje reverenciado.
Outro instante definitivo e forte da reinvenção do preto foi a irrupção revolucionária dos japoneses Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo nos anos 80. Com suas roupas negras sabiamente desconstruídas, de estética andrógina e assexuada, eles desafiaram os conceitos ocidentais relativos à forma do corpo e à concepção do vestuário, contestando de certa forma o status quo do glamour altivo e meio careta da época. O atual comeback do preto, entretanto, faz mais referência ao erotismo extremo que Tom Ford imprimiu na Gucci e na YSL nos anos 90 que ao desconstrutivismo revolucionário dos japonistas dos 80.
Veja por exemplo o que Riccardo Tisci vem fazendo para a Givenchy, com sua alfaiataria de toque fetichista, retomando o preto quase total – com misteriosa tensão –, resultando num depoimento poderoso para este inverno europeu. Notáveis, os vestidos-lingerie de chiffon e rendas impalpáveis são usados com as já famosas it-botas, em mais um jogo de revela-e-esconde. Seu forte, os casacos, são quase todos pretos com texturas contrastantes: brilhantes versus opacas. A alfaiataria, ligeiramente masculina na frente, revela costas com feminilissímos peplums e recortes à maneira de espartilhos, em pura provocação dark.
Nos recentes desfiles de Nova York para o verão 2013, o preto segue em evidência. Nesse caso, a combinação mais constante é com o branco. Verdadeiro yin-yang da elegância, as duas cores de energias opostas são absolutas. Expressam as mais delicadas vibrações e ilimitadas possibilidades. Em tempos cada vez mais acelerados, de renovação instantânea, pode-se apostar no preto para ser diferente, para sair do turbilhão, da corrida ofegante pela novidade, longe das impaciências do consumo.